Narcissus Garden, ou Jardim de Narciso é inspirada na mitologia grega de Narciso, um belo rapaz condenado pelos deuses por rejeitar seus correspondentes masculinos, a se apaixonar pelo primeiro rapaz que avistasse, sendo este ele mesmo avistado no espelho das águas do lago Eco, afogando-se ao aproximar-se e apaixonar-se por sua imagem refletida.
Um mito muito atual, não? Yayoi Kusama acredita que sim. Em 1966, Yayoi expôs na Bienal de Veneza sua escultura chave, onde bolas eram vendidas pela bagatela de dois dólares sob o aviso exposto: "Seu narcisismo à venda". E o que ela objetivada com isto? Criticar àqueles que vivem no mundo da arte com o ego acentuado, que é algo comum de encontrarmos.
Narcissus Garden é um happening que ganhou uma nova versão, sendo a primeira vez que é exposta na America Latina.
A título de informação, happening vem do inglês acontecimento, e é um evento artístico que surge em meados de 1960, e acontecia geralmente fora dos espaços expositivos (galerias, museus) sem a intenção de fazer parte destes, e sim lhes tirar a arte e trazer para vida.
Na versão de Narcissus Garden que se encontra em Inhotim, 500 bolas de aço inoxidável foram colocadas sobre o espelho d'água que cobre o Centro Educativo Burle Max, onde cada uma representa um ego evocando o mito de Narciso.
Narcissus Garden - Yayoi Kusama (acervo pessoal da blogueira)
Estas bolas de aço inoxidável acabam por exercer papel de espelhos convexos, refletindo tudo ao seu redor de forma distorcida, além de multiplicar a imagem de um nos demais, e esse reflexo acaba por ter uma denotação quase que eterna.
A obra não tem caráter estático, e muda conforme o vento e o movimento d'água. Se você a vir mil vezes, nas mil vezes ela estará diferente. Se você se enxergar refletido em uma bola, você não será o mesmo neste reflexo. Será uma visão completamente distorcida de quem você realmente é, e como que numa representação da sociedade que nos tange, esta imagem será a refletida nas demais, por mais que as distorções contenham uma variação em cada uma das bolas. E isto mexe diretamente com o que você realmente pensa de si. Nós nunca queremos ser vistos da forma como somos refletidos, e sim da forma que queremos, mas não podemos comandar a cabeça alheia, e muito menos o reflexo das bolas.
E assim Yayoi faz uma exposição provocativa questionando as pessoas e seus egos, a sociedade de suas percepções.
Pra quem quiser saber mais a respeito da artista, pode acessar o release no site de Inhotim, ou o site de Yayoi kusama.
Eu particularmente não gostei do que vi a meu respeito, e você?
Te vejo no próximo post.
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