segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

The Murder of Crows (Saga Inhotim 01)

Como previamente anunciado, vou falar da obra que mais me tocou e conseguiu me tirar lágrimas, além de mexer demais com minhas emoções.

Seu título é The Murder of Crows de Janet Cardiff e George Bures Miller.

Trata-se de uma instalação multimídia, dotada de 98 saídas de áudio dispostas de forma circular em um galpão revestido de algodão vidro. Claramente que o local pode ter suas características físicas diferentes mundo afora, mas o algodão vidro melhora de forma monstruosa a acústica do local, fazendo com que o expectador se entretenha de fato com o que ali é de certa forma exposto.

O tempo em Inhotim não lhe é favorável para se aprofundar em cada uma, pois as galerias são distantes, e são muitas, mas muitas obras mesmo a serem visitadas, mas consegui fazer uma pesquisa com o pai dos perdidos (leia-se Google), e encontrei o site de Janet Cardiff e George Bures Miller que fala sobre suas instalações mundo afora. A parte que nos interessa se encontra em The Murder Of Crows Installation e no release de Inhotim também.

Quem não tem prática em inglês, certamente vai se perder um pouco na explicação a respeito da obra, mas eu posso dar uma forcinha. The Murder of Crows nada mais que do que uma instalação que continua a experiência de Cardiff e Miller na construção escultural e física do som. The Murder of Crows, significa Agrupamento de Corvos numa forma não traduzida, deixando bem claro. Isso se deve ao fato de que quando um corvo morre, outros cercam a área fazendo uma espécie de  funeral, que duram entre 24 horas ou mais, o que a instalação tende a fazer também, fazendo uma certa alusão ao ritual humano de se desprender de outro que falece.

Como assim você deve se perguntar? As caixas são dispostas de forma circular em volta às cadeiras onde a platéia se acomoda, também de forma circular, sendo que o megafone disposto em cima da mesa ao centro de toda composição é o foco de todo sonho expelido, disposto ao lado da gravura (um texto, por sinal) de Goya, objeto principal da instalação.

E o que diz o texto? De forma traduzida, ele diz o seguinte: "A Fantasia abandonada de razão produz mosntros impossíveis: unida com ela, ela é a mãe das artes e a origem de suas maravilhas".
– Francisco de Goya

Enquanto passei os quase 30min sentadinha ouvindo tudo, e acompanhando os sonhos contados na voz suave de Carolyn Christov, sons bem estruturados e orquestrados de certa forma ilustravam tudo o que era contado, então quem ouve atentamente à história e aos sons que a mesma produz, consegue visualizar tudo o que acontece, atendendo ao propósito exposto no site.

Talvez esta seja a forma mais simples de resumir a imensidão do que é The Murder of Crows. Apesar de sermos orientados a não fotografar, gravar, e coisas desse tipo dentro das galerias, eu simplesmente não consegui resistir, e trouxe comigo o áudio da instalação, já que as fotos da mesma, você pode visualizar no link disponibilizado acima.

Fiz o upload do arquivo em mp3 (já que o vídeo que eu gravei não dá pra ver muita coisa) , com algumas observações:

  • aconselho ouví-lo com bons fones de ouvido ou num sistema surround sound para maior clareza dos sons; se você não entende nada de inglês;
  • procure o texto na internet (caso esteja disponível) para acompanhamento, pois a riqueza de detalhes se faz imprescindível para compreensão;
  • no final da gravação, a qualidade fica comprometida, pois o gravador ficou abafado pela cartilha afim de que a gravação fosse concluída, logo a canção Crows Did Fly fica bem baixinha.
Você pode baixar o áudio de The Murder of Crows clicando no nome.

Há ainda um arquivo em *.pdf publicado para impressa pelos artistas que explica um pouco além do abordado neste texto todo em inglês (exceto o texto de Goya que é em espanhol e em inglês), que você pode baixar aqui The Murder of Crows (pdf).

Espero que a experiência, por mais que seja comprada a assistir um filme em dvd em casa, seja tão válida quanto foi pra mim.

Te vejo no próximo post.

12 comentários:

  1. Dei..uma olhada pelo link que vc colocou..achei interessante...deve ser uma mistura de sons com imagens mentais..interesting...

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  2. E é exatamente isto! Se algum dia vc tiver oportunidade de se sentar naquela redoma de cadeiras e ouvir tudo o que é produzido, aposto que verá os sonhos sem ao menos eles serem visualmente mostrados!

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  3. delirios...delirios... acho legal as coisas q podem mexer com a nossa imaginação..acho q isso me relembra quando minha vó dizia q escutava radio-novela...ja pensou?..minha vó diz q era tudo de bom...é né...e a gente ainda diz q evoluimos...

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Adorei o post Andréia, estive em Inhotim e como você disse o tempo é um pouco desfavorável. Adorei a obra, ouviria outras mil vezes. Procurei a transcrição das falas, mas não encontrei. Se você tiver peço a gentileza de enviar-me por e-mail.
    Parabéns pelo Blog.

    Ferdinando M. Fiche
    Belo Horizonte, 06/01/2010

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  6. Opa Ferdinando! Super legal vc comentando... ^^

    Então, vou procurar a transcrição assim que tiver tempo, pois vale mto, mto a pena.

    Recomendo ainda aos que irão experimentar esta obra, ler um pouco sobre Surrealismo pra entender um pouco a essência da coisa, e conseguir se emocionar de fato.

    Eu ouviria um milhão de vezes, bem como o Ferdinando!

    xoxo

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  7. agora eles distribuem uma folha com a historia em ingles e em portuges para facilitar =)

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  8. Andréia, estive em Inhotim e me apaixonei por esta experiência, cheguei em casa e comecei a pesquisar na net sobre a obra, queria mesmo a letra da última música, foi difícil e achei sua página, que aliás está ótima.
    Você já encontrou transcrição das falas? Eu ainda não encontrei.
    Pode me mandar por email se vc encontrar?

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  9. FUI A INHOTIM NESSE CARNAVAL E ESSA INSTALAÇÃO É SIMPLERSMENTE DUCA....ALGUÉM CONSEGUIU O TEXTO NA INTERNET??? TÔ NA CAÇA MAS, POR ENQUANTO, EM VÃO...

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